Todo mundo se lembra de alguns de seus professores. Quem não teve pelo menos um que de alguma forma marcou sua vida? Eu tive vários e com histórias diferentes. Esta é a minha homenagem.
PRÉ-ESCOLA
Eu me lembro muito bem dela ainda. Calça azul. Camisa xadrez, branca e vermelha. O mesmo uniforme que usei. Ela contava histórias como ninguém. Meus olhos brilhavam quando ela pedia para pegar a almofadinha e deitar para escutá-la. Seu nome é (ou era) Wanda. Ainda tenho uma foto dessa época. Alunos organizados pelo tamanho na fila. Ela lá, sorrindo! Ainda me lembro dela!
MINHA PROFESSORA DE LITERATURA
Eu já estava no Colegial, ou seja, no Ensino Médio. Amo e sou professora de literatura por causa dela. Nunca vi até hoje alguém que ensinasse com tanta paixão. Ela se empolgava. Ria. Chorava. Cantava. Espetáculo. Criou os três filhos e pagou a faculdade de Medicina do marido dando aulas. Um belo dia, ele foi embora com outra. Ela não foi mais a mesma. A paixão foi embora. Terminei o Colegial e não a vi mais. Antes do último dia de aula ela me deu um livro. Enorme. Estranho. Teoria Literária. Perguntei a ela o porquê daquele livro. Me disse que um dia eu o usaria e que ela não o queria mais. Queria que ele ficasse comigo. Que existiam vários tipos de amores: inclusive o amor de uma professora por sua aluna. Já na faculdade de Letras, para minha surpresa, um dos primeiros livros exigidos para leitura foi "aquele" que ganhei de minha antiga professora. Como ela sabia??!!! Quando abri as páginas do livro fiquei chocada. Tinha seu nome, sua letra - e recadinhos para o antigo amor. Ela estava ali naquele livro - comigo. Senti as lágrimas e não tive pressa em enxugá-las. Queria tanto dizer-lhe o quanto eu a amava. O quanto ela me ensinou. Às vezes, ainda tento encontrá-la. Não mora mais aqui. Quando tenho muita saudade - abro o livro. Ainda me lembro dela.
MEDO DE GEOGRAFIA
Eu morria de medo dele. Às vezes, mentia para minha mãe dizendo que estava com dores só para não ir à escola e vê-lo. Ela nunca acreditava. Professor de Geografia. Eu não conseguia nem respirar. Ele me expulsou da classe duas vezes: uma porque não levei régua (ele nem usou a régua) e outra porque retirei um bichinho do cabelo de minha amiga que estava sentada na minha frente. Chorei tanto! Nunca ninguém havia me expulsado da aula. Achava que ele me odiava. Não entendia quando via minha notas - só tirava 10. Depois de alguns anos - na faculdade - cruzava com ele nos corredores e abaixava a cabeça. Que tolice a minha, ele não me reconheceria mesmo. Um dia, uma professora minha estava no corredor com ele e me chamou. Os dois continuaram a conversar e eu desesperada para sair dali. No meio da conversa ele comentou sobre o ensino e em como as coisas haviam mudado. Eu não me segurei e disse que os tempos eram outros e que aluno não precisava temer o professor. Ele me reconheceu "Você foi minha aluna!". A garganta secou. Ele ria muito quando contei do medo que sentia dele. Não esqueço o que ele disse - "Por isso você está aqui, na faculdade. Muitos alunos que eu tive já morreram ou estão presos. Você não. Você foi minha melhor aposta e eu estava certo!". Ele me abraçou e entendi toda a sua necessidade de ser duro comigo. No ano seguinte ele morreu. Eu tive tempo de conhecê-lo de verdade. Sempre me lembrarei dele.
NA FACULDADE ELA FLUTUAVA!
Meu primeiro dia de aula na faculdade. Na primeira faculdade. Já cursei três. Ela entrou como um anjo. Flutuava. Era uma senhora, mas parecia uma jovenzinha delicada. Seus olhos. Seus cabelos. Sua voz. Eu tinha muitos sonhos a construir e outros já desfeitos também. Estar ali representava muito para mim. Ela leu em voz alta "Felicidade Realista" de Cecilia Meireles. Não passa uma semana há mais de dez anos que eu não leia Felicidade Realista novamente. Talvez para senti-la. Talvez para me aproximar daquela sensação. A sensação dela lendo para mim. Ela me ensinou que ler é voar nas vontades, inventar momentos e ensinar o amor pela leitura é para poucos. Eu sempre li - desde pequena. Mas desta vez não li sozinha. Ela estava lá. Eu tive grandes mestres. Ainda me lembro dela.
Eu sou professora. Grande responsabilidade. Tenho de escrever minha própria história. Seria bom ser para meus alunos o que meus professores foram para mim. Talvez eles não saibam, mas me ensinaram muito mais do que palavras. Quando era pequena, sentia a felicidade de estar na escola. Sentia a alegria de ler e de encontrar nos livros a esperança que eu não via nos hospitais pelos quais eu fiquei. Um dia, uma professora olhou para mim e disse - quando ninguém mais acreditava: "Você vai longe filha, ainda não chegou a sua hora de desistir. Deus vai te deixar por aqui mais um pouco, confie". ELA mudou minha vida.
PRÉ-ESCOLA
Eu me lembro muito bem dela ainda. Calça azul. Camisa xadrez, branca e vermelha. O mesmo uniforme que usei. Ela contava histórias como ninguém. Meus olhos brilhavam quando ela pedia para pegar a almofadinha e deitar para escutá-la. Seu nome é (ou era) Wanda. Ainda tenho uma foto dessa época. Alunos organizados pelo tamanho na fila. Ela lá, sorrindo! Ainda me lembro dela!
MINHA PROFESSORA DE LITERATURA
Eu já estava no Colegial, ou seja, no Ensino Médio. Amo e sou professora de literatura por causa dela. Nunca vi até hoje alguém que ensinasse com tanta paixão. Ela se empolgava. Ria. Chorava. Cantava. Espetáculo. Criou os três filhos e pagou a faculdade de Medicina do marido dando aulas. Um belo dia, ele foi embora com outra. Ela não foi mais a mesma. A paixão foi embora. Terminei o Colegial e não a vi mais. Antes do último dia de aula ela me deu um livro. Enorme. Estranho. Teoria Literária. Perguntei a ela o porquê daquele livro. Me disse que um dia eu o usaria e que ela não o queria mais. Queria que ele ficasse comigo. Que existiam vários tipos de amores: inclusive o amor de uma professora por sua aluna. Já na faculdade de Letras, para minha surpresa, um dos primeiros livros exigidos para leitura foi "aquele" que ganhei de minha antiga professora. Como ela sabia??!!! Quando abri as páginas do livro fiquei chocada. Tinha seu nome, sua letra - e recadinhos para o antigo amor. Ela estava ali naquele livro - comigo. Senti as lágrimas e não tive pressa em enxugá-las. Queria tanto dizer-lhe o quanto eu a amava. O quanto ela me ensinou. Às vezes, ainda tento encontrá-la. Não mora mais aqui. Quando tenho muita saudade - abro o livro. Ainda me lembro dela.
MEDO DE GEOGRAFIA
Eu morria de medo dele. Às vezes, mentia para minha mãe dizendo que estava com dores só para não ir à escola e vê-lo. Ela nunca acreditava. Professor de Geografia. Eu não conseguia nem respirar. Ele me expulsou da classe duas vezes: uma porque não levei régua (ele nem usou a régua) e outra porque retirei um bichinho do cabelo de minha amiga que estava sentada na minha frente. Chorei tanto! Nunca ninguém havia me expulsado da aula. Achava que ele me odiava. Não entendia quando via minha notas - só tirava 10. Depois de alguns anos - na faculdade - cruzava com ele nos corredores e abaixava a cabeça. Que tolice a minha, ele não me reconheceria mesmo. Um dia, uma professora minha estava no corredor com ele e me chamou. Os dois continuaram a conversar e eu desesperada para sair dali. No meio da conversa ele comentou sobre o ensino e em como as coisas haviam mudado. Eu não me segurei e disse que os tempos eram outros e que aluno não precisava temer o professor. Ele me reconheceu "Você foi minha aluna!". A garganta secou. Ele ria muito quando contei do medo que sentia dele. Não esqueço o que ele disse - "Por isso você está aqui, na faculdade. Muitos alunos que eu tive já morreram ou estão presos. Você não. Você foi minha melhor aposta e eu estava certo!". Ele me abraçou e entendi toda a sua necessidade de ser duro comigo. No ano seguinte ele morreu. Eu tive tempo de conhecê-lo de verdade. Sempre me lembrarei dele.
NA FACULDADE ELA FLUTUAVA!
Meu primeiro dia de aula na faculdade. Na primeira faculdade. Já cursei três. Ela entrou como um anjo. Flutuava. Era uma senhora, mas parecia uma jovenzinha delicada. Seus olhos. Seus cabelos. Sua voz. Eu tinha muitos sonhos a construir e outros já desfeitos também. Estar ali representava muito para mim. Ela leu em voz alta "Felicidade Realista" de Cecilia Meireles. Não passa uma semana há mais de dez anos que eu não leia Felicidade Realista novamente. Talvez para senti-la. Talvez para me aproximar daquela sensação. A sensação dela lendo para mim. Ela me ensinou que ler é voar nas vontades, inventar momentos e ensinar o amor pela leitura é para poucos. Eu sempre li - desde pequena. Mas desta vez não li sozinha. Ela estava lá. Eu tive grandes mestres. Ainda me lembro dela.
Eu sou professora. Grande responsabilidade. Tenho de escrever minha própria história. Seria bom ser para meus alunos o que meus professores foram para mim. Talvez eles não saibam, mas me ensinaram muito mais do que palavras. Quando era pequena, sentia a felicidade de estar na escola. Sentia a alegria de ler e de encontrar nos livros a esperança que eu não via nos hospitais pelos quais eu fiquei. Um dia, uma professora olhou para mim e disse - quando ninguém mais acreditava: "Você vai longe filha, ainda não chegou a sua hora de desistir. Deus vai te deixar por aqui mais um pouco, confie". ELA mudou minha vida.
Tenho muito orgulho de ser professora. Sei de toda a dificuldade que um professor enfrenta. Sei como a sociedade enxerga o professor. Mesmo sabendo de tudo isto, continuo fazendo o que desde pequena sabia que faria: educar. Há momentos que já nem sei quem educa quem - se eu educo ou sou educada pelos meus alunos. Não sei fazer outra coisa. Enquanto eu comemorar o Dia dos Professores, tenho a certeza que ainda posso dizer que sou uma!
FELIZ DIA DOS PROFESSORES!
Drika, feliz dia dos professores, mesmo atrasado, pois todo o professor deveria ser lembrado sempre!Teu blog é um show! Vou dizer pro meu filho seguir, pois é bom até para pequenos. Beijinho.
ResponderExcluirProfe Tay...
Ameii Prof você é a coisa boa e fofa ao mesmo tempo que aconteceu comigo te adoro MUITO.
ResponderExcluirbjs
BY: Raquel
Obrigada lindas!!!!
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